Relato de Gestação – Parte 1
Vemos muito quando engravidamos, ou quando estamos pensando em engravidar, a fala sobre o parto, o que esperar, qual escolher. Falamos também sobre o puerpério, as dificuldades, como tentar sobreviver a ele. São falas obviamente muito importantes, e deveríamos com certeza falar mais sobre esses assuntos. Porem ninguém conta com detalhes como é Gestar, normalmente as falas são mais romantizadas, mostrando a graça dos novos formatos, e quando contados os perrengues são superficialmente tratados como até frescura por parte da gestante.
Na minha gravidez, fiz o Diário da Gravidez (conteúdos que por sinal amo consumir), porem percebi que por mais que tentamos ser bem clara sobre a gestação, ainda assim faltava algo mais, então resolvi fazer este relato de gestação, aqui vou contar detalhes de um momento único, sagrado, cheio de inseguranças, medos, sensações inesperadas e desconhecidas.
Eu fui aquela grávida que planejou a gravidez, logo fui aquela que inocentemente achou que tinha o controle da situação. E a primeira lição que aprendi é que não temos controle de nada, assim que descobrimos a gravidez mergulhamos no desconhecido. Meu primeiro trimestre, foi brutal (não achei outra palavra para descrever), eu me senti mal fisicamente todos os dias sem exceção, a sensação era de uma ressaca de bebida alcoólica constante, 24hs por dia. Assim que eu acordava antes mesmo de levantar da cama, sentia um enjoo forte, sentava na beirada da cama, e fazia incontáveis ânsias de vômitos, e nada saia, até a dor no estomago ficar insuportável, assim que passava, ia escovar o dentes (tipo escovar) com muita rapidez, porque logo após as ânsias, eu sentia uma fome de morte (se assim posso descrever) chegava a doer, parecia que eu tinha ficado dias sem comer, e caso eu não a obedecesse minha pressão ia para o pé, e eu corria o risco de desmaiar. Então após um café (fatia de pão/suco gelado) íamos trabalhar (lembrando que a sensação de ressaca estava lá – corpo mole, meio enjoada, meio com dor de cabeça, etc). Um ponto de sorte nessa história era que eu trabalhava carro, logo não pegava transporte publico, que facilitava. Assim, eu ficava o dia todo, todos os dias durante praticamente três meses.
Nesse período, ninguém sabia da gravidez, e o nosso sonho planejado, ficou meio pesado de carregar. A verdade, é que é muito difícil esconder uma noticias dessas. Imaginem! Como esconder algo tão grande, e passando mal todos os dias. No trabalho, ia ao banheiro toda hora para fazer ânsias de vomito, e já passei levar um carregamento de comida, sim eu necessitava de comer toda hora, sinceramente não sei como ninguém percebeu, porque na minha opinião era óbvio as mudanças. Minhas andanças durante o almoço passou a ficar difíceis, e juro, cheguei a dormir sentada no meio fio sozinha no horário do almoço, de tanto era a sensação de ressaca me tomava.
Ainda no primeiro trimestre tive meu primeiro momento na emergência, em um dia acordei tão mal, que não conseguia levantar da cama. Ao invés de ir trabalhar fomos parar na maternidade (porque grávida quando passa mal tem que ir para a maternidade, viu!), chegando lá descobrimos que eu havia desidratado. Como enjoava muito, passei a beber muito menos água que o habitual, e obviamente que o resultado não seria outro. Nessa época, estava com 13 semanas, e sonhando com o inicio do segundo trimestre onde todos dizem que todo este mal estar passa.
Algo que tive também, bem no inicio, foi a dor no ciático. Eu, acredito que como você achou que essa dor aparecia somente no final, porem no meu caso, apareceu com dois meses de gravidez, uma dor na nádega direita, paralisante que a vontade era de chorar quando aparecia, e como grávida não pode tomar nada para a dor, o mais acertado foi bolsa de água quente para ajudar.
O meu psicológico, nesses primeiro meses, foi uma mistura louca de sentimentos. A ansiedade de contar logo para o mundo, misturado com o medo do inicio (cada ultra era uma benção). Um amor surreal crescendo no peito junto com a necessidade de começar a montar todo ninho para esse bebê tão minúsculo e muito amado.
Logo, no fim no primeiro trimestre contei para todos da gravidez, o que aliviou um pouco o peso, porem iniciou outro, os pitacos, as exigências e assim, iniciamos o segundo trimestre.
No próximo post…